segunda-feira, 9 de abril de 2012

Autismo na pauta do programa “O TEMPO EM RIO BONITO”

Flávio Azevedo

A professora Rosangela Silva trabalha com autistas há cerca de 15 anos.
Com o objetivo de divulgar a “Caminhada pelo Dia Mundial Pela Consciência do Autismo”, o programa “O TEMPO EM RIO BONITO”, da Rádio Sambê FM (98,7), recebeu no dia 1º de Abril, a professora Rosângela Martins da Silva, que há cerca de 15 anos (12 deles em Rio Bonito) trabalha com Autismo. A caminhada aconteceu na tarde do dia seguinte (02/04) e dezenas de pessoas, entre pais, crianças, professores, simpatizantes da causa e autistas participaram do evento. Vestidos de roupas azuis, a caminhada percorreu as principais ruas da cidade.

No estúdio da Rádio Sambê, a professora Rosangela Silva comentou é professora de Educação Física e pós-graduada em Psicomotricidade, especialização que lhe permitiu entrar no mundo dos autistas. Por cerca de 1h, a professora discorreu sobre o comportamento dos Autistas, comentou qual deve ser a postura dos pais e familiares que tenham pessoas com essa doença em casa e falou sobre as prováveis causas desse fenômeno patológico.
– Ainda se sabe muito pouco sobre o Autismo e mínimo que se conhece a seu respeito se dá através da experiência trocada entre pais e familiares de autistas. Mas podemos afirmar que gestações difíceis, parto prematuro e doenças congênitas podem estimular o aparecimento da doença – comentou Rosangela.

Além de comentar o trabalho pioneiro que realiza com autistas de Rio Bonito, a professora também abordou o projeto criado em fevereiro desse ano no Rio Bonito Atlético Cube (RBAC), onde ela, auxiliada pelo professor Diego Rosa, trabalha atividades físicas para pessoas do espectro autista e outras necessidades especiais. “Também trabalhamos com atividades recreativas para crianças com dificuldades motoras, dificuldade de aprendizagem ou com transtorno do déficit de atenção com hiperatividade”, comenta a professora

Ainda segundo a professora, “o autista tem comprometimento de relação pessoal e comportamental. No Brasil eles são cerca de 2 milhões e em todo mundo cerca de 70 milhões”. Ela destaca também que a doença atinge principalmente os meninos (4/1), “por conta disso a cor azul foi escolhida para o Autismo”, revela.

A caminhada

A Caminhada partiu da Av. Sete de Maio e terminou na Praça Fonseca Portela.
A concentração dos caminhantes aconteceu na Av. Sete de Maio, em frente a Igreja Católica Auxiliar, de onde saiu por volta das 17h45min. O grupo portava uma faixa, balões azuis e muita descontração. A caminhada, iniciada na Sete de Maio, passou pela Rua Major Bezerra Cavalcante, Dr. Mattos, Praça Drº Astério Alves de Mendonça, Rua Getúlio Vargas e concluiu na Praça Fonseca Portela.

Após agradecer a participação de todos, ressaltando a colaboração de amigos, patrocinadores e das famílias que participaram da caminhada, a professora Rosangela pediu que Giuseppe Romagnole, pai de um autista de 15 anos (Marcos), falasse algumas palavras sobre o evento. Ele começou destacando a cor azul, que classificou como “uma onda azul que invadiu a praça”; comentou que “até o céu é azul”; e destacou que “dos muitos trabalhos que se faz com o autista, o principal é feito em casa, pelos pais, pela família”.
– Tranquilidade e calma no trato com o autista é importante. Ele tem vontades, não gosta de determinadas coisas e essa fita estampada na camisa do evento simboliza bem isso. Ela simboliza a doença, os seus mistérios e a diversidade de pessoas que tem a doença – comentou Romagnole, que comentou a história da autista Temple Gradin, que, hoje, é PHD em veterinária e criou a “máquina do abraço” por conta da sua aversão aos abraços, comportamento comum ao indivíduo altista.

Emoção

Os pais de Gabi apresentaram uma música composta especialmente para a filha.
Também emocionou a todos a música apresentada pela professora Márcia Cristina Pereira, chamada carinhosamente de “Tia Cigarra”. Munida do seu violão, ela cantou uma música que foi escrita para a filha Gabi (ela não é autista, mas desenvolve comportamentos similares aos da doença), quando esta completou 15 anos (atualmente ela tem 17). “Você é nossa eterna criança/O seu sorriso nos faz renascer/Com você aprendemos que o belo e simples da vida é amar sem esperar nada receber”, diz o refrão da melodia que foi cantada em uníssono pelos presentes.

Assistiam o evento, acompanhadas de uma intérprete, as surdas Aline Martins Batista (30) e Lívia Souza Soares (34). Aproveitando o espírito de inclusão da tarde, a nossa reportagem perguntou a Aline e Lívia o que acharam do evento e o que poderiam falar sobre inclusão. Através da linguagem de Libras, as amigas responderam que “a vida seria mais fácil para as pessoas que tem algum transtorno ou limitação, se eventos dessa natureza acontecessem com mais frequência”, sinalizaram as surdas, que aproveitaram para pedir a realização de um evento direcionado especificamente aos surdos.

Temple Gradin

Professora do Departamento de Ciências Animais da Universidade do Colorado/EUA, Temple, hoje, corre o mundo para divulgar as peculiaridades e os direitos dos autistas. Ela tenta mostrar que as características negativas da doença podem ser controladas para garantir vida digna a seus portadores. A tese é clara e concisa: crianças autistas apresentam tanta variação de talentos, gostos pessoais e mesmo de inteligência quanto os ditos normais.
– Cabe a pais e médicos criar estratégias para desenvolver as habilidades desses seres especiais. Ajudar crianças a descobrir qualidades ocultas seria o caminho mais eficiente para torná-las menos estranhas – pondera Temple em matéria produzida pela Revista Época.

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