domingo, 26 de setembro de 2010

Educação: o que esperar da escola e dos educadores?

O ministro da Educação Fernando Haddad
É bem provável que a escola não resolva os pedidos e cobranças sociais que lhe são dirigidas. Num quadro de falência generalizada das estruturas tradicionais, tudo se lhe pede: que guarde, ocupe, instrua, eduque, estimule e até que socialize as jovens gerações. Nesta missão quase impossível, ela só alcançará vitória, se os educadores e profissionais de Educação tiverem liberdade para reinventar novas formas de ser, pensar e existir. Para isso, porém, esses profissionais deveriam estar bem capacitados, bem treinados, e, sobretudo, bem pagos.
Secretária estadual de educação Tereza Porto
Nunca é demais lembrar, que pensadores, políticos, escritores, juristas, teóricos, personalidades ligadas a Educação e a Cultura, jornalistas e até os filosofos de botequim, esperam que a escola solucione os inúmeros problemas socias que se originam em dois momentos: no seio da família, que está fugindo da responsabilidade de educar; e da falta de responsabilidade daqueles que detem o poder, que estão fugindo da responsabilidade de governar.
A secretária municipal de Educação e Cultura de Rio Bonito, Ana Maria Figueiredo.
Mas como educar alunos que não reconhecem a palavra “banheiro”, quando esta é pronunciada pelo professor? Seguramente, essas são algumas das inquietações e desafios a serem vencidos pelos governos federal, estadual, municipal e por cada brasileiro.
Coordenadora da Coordenadoria Estadual de Educação Serrana V, Elenita Abrahão.

sábado, 25 de setembro de 2010

Reflexão


Os políticos e as fraldas devem ser trocados, constantemente e pela mesma razão!

Eça de Queiroz


Editorial 6ª Edição: Eleições e Educação

O Brasil ainda tateia na construção de um sistema político-representativo e realmente democrático. Poucas eleições diretas para presidente foram realizadas com total liberdade. Aliás, um dos problemas conjunturais da nação é que as regras eleitorais favorecem (por que será?) os candidatos e partidos de maior poder econômico. Apesar de estarmos em 2010, em todo território nacional, os feudos, as oligarquias e a mídia, golpista e comercial, continuam elegendo os seus vassalos.
Terminado o processo eleitoral, o brasileiro não se sente representado pelos que foram eleitos. Por isso, é urgente uma ampla e profunda reforma política. Contudo, o indivíduo também precisa renovar a mente e os seus ideais. Mas como fazer isso, num país onde, além do voto ser obrigatório, a campanha política é teatral e povoada por figuras maquiadas, caricatas e risíveis?
Como fazer isso, se os debates sobre geração de empregos, salários dignos e acesso a Educação, Saúde, Transporte, Lazer e Segurança, dão lugar a acusações oportunistas e sensacionalistas, como quebra de sigilos, violação de privacidade institucional etc.? Aliás, a máxima que diz serem “todos iguais perante a lei...” é irreal, porque a realidade dura e perversa que conhecemos é que “... Mas alguns são mais iguais do que os outros”.
Apesar disso, nós estamos contentes com a aquisição daquele carro, daquela casa, ou de qualquer outro bem, geralmente comprado através de suáveis e intermináveis prestações, que no fim do carnê revelam que você pagou três vezes o valor do bem adquirido. O conforto leva você pensar que tudo está certo, mas não é bem assim. A nossa polícia é violenta, e os bandidos, frutos de uma sociedade violenta – que consome cada vez mais violência –, também são violentos.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva
Não é difícil entender porque o presidente Lula mudou o seu discurso em 2002. A sua estratégia foi favorecer o capital e o trabalho. É uma nova forma de fazer política. Melhorar a distribuição de renda, respeitando o imperialismo da economia globalizada.
Depois das seguidas derrotas (89, 94 e 98), Luiz Inácio Lula da Silva percebeu que o Partido dos Trabalhadores (PT), a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e os movimentos grevistas, curiosamente, não tinham o apoio do pobre, que por ser alimentado pela mídia comercial – sempre a serviço da classe hegemônica – acreditava que os movimentos sociais pioravam as suas condições de vida.
O presidente Fernando Henrique Cardoso
Lula enxergou que a base de apoio eleitoral do PT era proveniente do funcionalismo público, da classe média instruída e dos operários mais qualificados. Em 1989, por exemplo, o pobre votou em Collor, porque ele prometia “caçar marajás”. A eterna guerra de classes se manifestou, e na expectativa de vingar-se do rico, Collor atraiu o voto dos menos favorecidos. Já em 1994 e 1998, a nova versão do “milagre econômico”, leia-se “Plano Real”, conduziu Fernando Henrique Cardoso ao poder.
Em 2002, porém, Lula entendeu que no Brasil, por falta de Educação, o rico e o pobre, só querem saber de comer e consumir. Esse cenário permitiu que Lula idealizasse duas ferramentas: a Carta aos Brasileiros, onde ele acalmou os endinheirados exploradores que queriam mais, e o Programa Fome Zero, que encheu de esperança o empobrecido explorado que não tinha o que comer.
Embora a ideia de mobilização popular tenha sido trocada por colaboração, e os trabalhadores continuam sendo encorajados a se manterem passivos, Lula entendeu que para questionar e se mobilizar, é preciso estar alimentado. Aliás, como uma criança conseguirá estudar, pensar e raciocinar, se ela estiver com fome? Como ela vai se recuperar de uma doença, se o corpo está desnutrido? Como praticar esportes, se o organismo não está alimentado? Como pensar, se o estômago está vazio?
Essas reflexões mostram que a almejada renovação só acontecerá com o fortalecimento da EDUCAÇÃO, que além de ser o tema principal desta edição, entendemos ser ferramenta primordial para que o brasileiro vote com consciência, responsabilidade e honestidade. Boa leitura! 

Pais, alunos e funcionários denunciam falta de merenda nas escolas riobonitenses

Por Flávio Azevedo

Ao descobrirem que a próxima edição do jornal “O TEMPO EM RIO BONITO” teria a Educação como tema principal, a nossa redação recebeu uma série de denúncias sobre falta de professores, de merenda, e também sobre salas multisseriadas, fenômeno encontrado nas unidades escolares do interior. A dedicação ao magistério, o amor aos alunos, a responsabilidade com o que fazem e a preocupação com os estudantes, não segurou o silêncio dos professores. Apesar de dizerem durante todo tempo, que se forem descobertos sofrerão uma série de represálias, eles decidiram contar os problemas que enfrentam.
Depois de receberem garantias que as suas identidades seriam preservadas, a função que desenvolvem nas escolas não seria informada, e que os nomes das unidades escolares não seriam divulgados, um profissional revela que “os problemas enfrentados são sérios e não é de hoje!”. Sobre a falta de professores, os profissionais de Educação que conversaram com a nossa reportagem informaram que “como a Prefeitura Municipal chamou vários concursados, a situação não é a ideal, mas melhorou”.
– Algumas deficiências ainda podem ser encontradas, como a falta de professores de matemática. O problema é que nesse caso, especificamente, existe uma escassez desse profissional. Aliás, é um problema enfrentado em todas as escolas, seja ela estadual, municipal, ou até da rede particular – analisou um dos entrevistados.

“Falta tempero”

Outro profissional experimentado e com vários anos de atuação nas unidades escolares do município disse que outro problema que atinge as escolas é a falta de merenda. De acordo com ele, “geralmente tem a carne, feijão, arroz, óleo, sal, mas faltam temperos, condimentos e outras coisas necessárias para o preparo da merenda”. Questionado sobre o que fazer nessa hora, o profissional comentou que se recusa oferecer alimento feito na água e sal para os alunos. “Não, eu não tenho coragem de fazer isso!”. Segundo ele, é comum os profissionais da escola fazerem uma vaquinha para comprar o tempero que está faltando. “Isso não pode continuar! Alguém precisa fazer alguma coisa, mas nós não temos a quem pedir socorro”, disse indignado.
Como acontece com qualquer matéria de denúncia, onde as testemunhas ficam receosas de dar o seu nome, uma profissional comenta que “se souberem que eu abri a boca posso ser exonerada, mas me corta o coração ver os alunos sem merenda, só porque não tem tempero”.
– Não faz muito tempo, o prefeito José Luiz Antunes visitou a escola, perguntou se tinha merenda e mostraram a ele, a dispensa abastecida, os frízeres cheios de carne, mas faltavam cebola, alho, pimentão, tomate e temperos. Infelizmente, ele não observou isso. Por incrível que possa parecer, todas as vezes que ele visita a escola a dispensa fica sortida – revela a funcionária, reiterando que “isso acontece, porque o prefeito tem o hábito de comer a merenda, ou seja, se ele perceber algum problema, cabeças vão rolar”, comentou.
Ainda segundo a nossa fonte, ciente dos problemas relacionados à merenda, o porteiro da unidade, que também se alimenta na escola, comentou que “seria bom que o prefeito visitasse a escola todos os dias, só assim nós comeríamos uma comida melhor”. Os profissionais afirmam que as faltas, as necessidades, os defeitos, as torneiras quebras, as falhas no abastecimento de água e o que tem que ser concertado é informado a Secretaria Municipal de Educação e Cultura (Semec), “mas os problemas se arrastam por meses para serem solucionados”, lamenta uma educadora.

“Pipoca é merenda?”

De acordo com uma mãe de aluno, que pediu para não ser identificada, segundo ela, porque é funcionária do município, “até pipoca já deram ao meu filho na hora do recreio. Também é comum oferecerem leite com biscoitos. É um absurdo isso!”.
– Na minha casa, só o meu filho mais novo não trabalha! Ou seja, nós temos condições de nos sustentar. Porém, eu já trabalhei em escolas freqüentadas por alunos que não conhecem essa realidade. Estamos falando de crianças que dependem da merenda para se alimentar, porque, em casa, eles não têm o que comer. Dar para essas crianças, no lugar de comida, leite com biscoito, pipoca etc., é falta de sensibilidade – criticou.
Outro entrevistado revela que as unidades do interior sofrem mais com o descaso. “Nos colégios e escolas do Centro, geralmente frequentados por alunos provenientes de famílias de melhores condições, esses problemas não acontecem com regularidade, mas nas escolas do interior a coisa anda feia!”, frisa a nossa fonte, acrescentando que a culpa não é dos diretores.
– A minha diretora, por exemplo, como muitas outras, é super dedicada, faz os relatórios, as solicitações devidas, gasta dinheiro do próprio bolso para comprar papel, material, fazer xerox, etc. O problema é que além de não darem definição para as reclamações, caso ela seja reiterada, o reclamante é enxergado na Semec como um chato ou integrante de grupos políticos que fazem oposição ao governo. Mas não é isso! Independente de quem está no governo, os alunos e os profissionais que cuidam delas deveriam ser mais respeitados – concluiu.

Nota da Redação: esse tipo de matéria, quase sempre, motiva uma ação chamada de “Caça as Bruxas”, quando os chefes, tentam descobrir quem forneceu, à imprensa, as informações publicadas. Contudo, ao invés de saírem caçando as nossas fontes, os caçadores de bruxas deveriam caçar os culpados pelos problemas denunciados e resolvê-los.

Projeto “Lona na Lua” um sonho que virou realidade

Por Flávio Azevedo
Atores em cena no espetáculo "O Alto da Compadecida".
Até muito recentemente, a cidade de Rio Bonito era conhecida como o lugar onde não existe espaço para Cultura. A prova disso, é que entre os anos de 1996 e 2004, a Secretaria Municipal de Cultura foi fechada e transformada num departamento da Secretaria Municipal de Educação, uma iniciativa que reprovada e condenada por ícones da Cultura local como o poeta e escritor Leir Moraes. Cerca de 10 anos depois dessa infeliz iniciativa, surge o Espaço Cultural Lona na Lua. Localizado na Mangueirinha, o projeto atende cerca de 200 crianças e adolescentes de escolas públicas que fazem cursos de teatro, circo, dança, música, cenografia, iluminação, figurino e maquiagem.
De acordo com o diretor e idealizador do projeto, o ator Zeca Novais, o projeto se tornou realidade quando ele firmou parceira com a Companhia de Teatro Contemporâneo, que possibilitou, através da Lei Rouanet, o recebimento da verba de R$ 180 mil de Furnas Centrais Elétricas. Também foi determinante o apoio de amigos, simpatizantes e empresários locais, como o empresário Bebeto do Posto, que cedeu o espaço onde está instalada a “Lona na Lua”, que atrai a atenção de todos que passam na Av. Martinho de Almeida, na Mangueirinha.
A professora Tatiana Sampaio, 35 anos, moradora da Praça Cruzeiro, comentou que a lona representa o resgate do setor cultural do município. “Como acontece com tudo que dá certo em Rio Bonito, por causa desse novo espaço e os seus atrativos, já tem um monte de gente fazendo teatro em outros pontos da cidade. Todos estão sendo estimulados pelo trabalho do Zeca Novais. Eu não conheço esse rapaz, mas ele está dando uma grande contribuição para Rio Bonito”.
Já a universitária Dalva Souza, 42 anos, moradora de Tanguá, comentou que trouxe os filhos para assistir o espetáculo “Sonhos de Uma Noite de Verão”, e no último fim de semana voltou para assistir “O Alto da Compadecida”. “Achei as duas apresentações fantásticas! Na saída, eu ouvi algumas críticas, mas tem gente achando que está assistindo novela, onde tudo é editado. Estão esquecendo que esses jovens e adolescentes estão interpretando papeis desempenhados por nomes consagrados como Matheus Nachtergaele e Selton Mello, que eu vejo como o melhor ator da nova geração”.


O projeto ganhou o mundo

Galera do projeto "Lona na Lua" posando para o jornal O São Gonçalo
O sucesso do projeto atraiu, inclusive, mídias de outras cidades. O jornal O São Gonçalo, por exemplo, fez uma matéria de página inteira sobre o projeto “Lona na Lua”. Ao jornal da cidade vizinha, o ator Zeca Novais disse que “o projeto é sociocultural e busca inserir a ‘molecada’ na arte. Eu sou ator e acredito na resposta imediata deste trabalho. Cresci muito depois que o teatro entrou na minha vida e sei que isso pode acontecer com quem está aqui”, destacou Novais, ressaltando que controla o desempenho escolar dos integrantes do projeto, que precisam estar sempre com o boletim em dia, o que não é difícil.
– São 12 anos de sonho! Logo que começamos, no ano passado, tínhamos uma pequena barraca, que hoje é um dos camarins. Ela era levada para as comunidades carentes para apresentarmos os nossos espetáculos. Por oito meses, a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Rio Bonito gentilmente nos cedeu o seu espaço de convenções para ensaios – agradeceu Zeca Novais.

Dificuldades

Mesmo com os resultados positivos, como todo projeto cultural, as dificuldades existem, e para o trabalho continuar, a ajuda é sempre bem vinda. “Acham que somos desocupados e não temos o que fazer. Outros não acreditam na nossa proposta e preferem criticar. Mas não vamos desistir. Ao dar prioridade a este projeto, eu coloquei meu sonho de ser ator em segundo plano, porque o “Lona na Lua” é um projeto bem maior. O nosso objetivo é levar esse projeto para as cidades da região”, disse Zeca.
No elenco desta trama estão jovens, como Lucas Liseu Carvalho, de 17 anos. Ele destacou que “depois que passei a fazer parte do Lona, penso em fazer coisas que vão somar na minha vida, diferente de muitos jovens aqui da cidade, que se limitam a ir para bares, sair de moto e fazer besteira no trânsito”. Já Victor Hugo Ferreira, de 16 anos, um dos grandes talentos do projeto, a experiência de estar no palco foi transformadora. “Fazer parte deste projeto mudou a minha cabeça, eu tenho prazer em vir para cá e o teatro nunca é rotina”, finalizou.

Mobilização dos universitários riobonitenses completa um ano

Por Flávio Azevedo

Os movimentos estudantis e as grandes manifestações feitas pela categoria, contra a Ditadura Militar, durante os “anos de chumbo” (1964 a 1984), renasceram em Rio Bonito em agosto de 2009. Com objetivo de fazer voltar o transporte gratuito, na época, suspenso por tempo indeterminado pela Prefeitura Municipal, os estudantes, por duas vezes (26 e 28 de agosto), saíram em manifestação pelas principais ruas da cidade. Com palavras de ordem, ostentando cartazes e narizes de palhaço, o grupo saiu da Praça da Bandeira, no Centro, percorreu as ruas Dr. Francisco de Souza e XV de Novembro, antes de chegar à Prefeitura Municipal, na Praça Fonseca Portela.
O trânsito foi desviado para a Av. Castelo Branco (rua dos bancos), enquanto os universitários, sentados no chão, esperavam uma resposta oficial do prefeito José Luiz Antunes (DEM), que não estava na Prefeitura nas duas ocasiões. A mobilização também tinha como objetivo, cobrar melhorias para o transporte universitário. De acordo com os estudantes, os ônibus estavam transportando cerca de 150 pessoas em pé, além dos 45 passageiros sentados.

Relembrando a História

Na primeira manifestação, no dia 26 de agosto, cerca de 20 minutos depois de iniciado o movimento, três alunos foram recebidos pelo chefe de gabinete, Edelson Antunes, pelo Procurador Geral do Município, Leandro Weber e pelo assessor especial do prefeito, Jerônimo Siqueira. Durante o encontro, o procurador do município pediu um pouco mais de paciência.
 
 No dia 27 de agosto, os universitários lotaram as dependências da Câmara Municipal de Vereadores e receberam a solidariedade dos parlamentares. O presidente da casa, vereador Fernando Soares (PMN) e a vereadora Rita de Cássia (PP), da Comissão de Educação, participaram de algumas reuniões, receberam os líderes do movimento, mas os universitários, sem paciência com a morosidade e os trâmites da administração pública, classificaram a Câmara Municipal como “omissa”.      


Centenas de universitários sentaram na Rua XV de Novembro
em frente a Prefeitura Municipal
  No dia seguinte – 28 de agosto – aconteceu nova mobilização. Composta por mais universitários, muitos deles sem aulas há uma semana, por não terem condições financeiras de pagar passagem todos os dias, a manifestação foi maior e mais demorada. O estudante de Direito, Leandro Gonçalves, um dos líderes do movimento, fez uma retrospectiva da situação dos universitários em Rio Bonito. O Universitário lembrou que em 2004, o então candidato a prefeito, José Luiz Antunes, pegou carona no ônibus que transportava os estudantes e prometeu condições dignas de transporte.

Passando pela Praça Fonseca Portela durante a manifestação, o então pároco da Igreja Nossa Senhora da Conceição, Monsenhor Guedes, disse que uma conversa sincera poderia solucionar o problema. Para ele “um país e um município que não planta o estudo está cultivando um futuro muito triste”. Parafraseando Ruy Barbosa, ele concluiu: “fechar escolas é abrir cadeias”.

Assembleia dos universitários

Na manhã do dia 5 de setembro, de 2009, cerca de 80 universitários, dum universo de 1,2 mil estudantes, estiveram reunidos para escolher a comissão que iria representar os universitários de Rio Bonito. A assembleia aconteceu na quadra do Ciep, na Mangueirinha. Depois de intermináveis reuniões, encontros e desencontros, os ônibus universitários começaram a circular na dia 9 de setembro de 2009.
A comissão dos universitários decidiu junto aos representantes da administração municipal, que o transporte – até que o ônibus em reforma estivesse pronto – seria feito por ordem alfabética. Num dia viajavam alunos que a letra inicial do nome era de A até L. No dia seguinte viajavam quem a letra inicial era de M até Z. A decisão gerou protestos, mas a situação permaneceu.

Falta mobilização

A mobilização dos universitários riobonitenses é apontada como exemplo de pressão para resolver vários problemas sociais no município. O universitário Luis Cláudio Soares, 26 anos, morador do Centro, comentou que o município é carente de movimentos sociais e lideranças que tenham orientação de esquerda. Estudante de Ciências Sociais, ele comenta que “vejo muita gente reclamando da vida, mas são pessoas incapazes de se organizar e lutar pela solução dos seus problemas”.
– Em 2008, por exemplo, quando moradores de vários bairros da cidade tiveram as suas casas interditadas por causas das chuvas, essas pessoas não conseguiram se organizar para pressionar o poder público. O movimento que apareceu era composto por pessoas que tinham interesses partidários – analisou o universitário.
As costumeiras faltas de médico nos postos de saúde, exames marcados para três, quatro meses depois de pedidos, falta de professores ou merenda escolar, licitações “duvidosas”, “são coisas que também deveriam levar a população às ruas”, afirma Soares que critica o formato de política praticado em Rio Bonito.
– O nosso município é carente de lideranças que tenham orientação de esquerda. A Câmara Municipal, por exemplo, é composta por elementos que só fazem política assistencialista. Eu li nos jornais que duas CPIs foram abertas no ano passado. Um ano depois, qual a conclusão dos parlamentares? Nenhuma, eles devem ter esquecido – disparou o universitário.

O Observador

Educação

Nos últimos tempos, as famílias estão transferindo a responsabilidade de educar, para a escola. Aliás, a postura de determinados pais nos faz pensar que eles nunca foram crianças. Um fato curioso: quando a criança se torna uma pessoa de bem, os pais dizem que o mérito é todo deles. Quando, porém, ela decide trilhar caminhos condenáveis, aí a culpa é da escola. Não é curioso?   

PNE I

Em recente levantamento, abrangendo o período de 2001 a 2008, o Ministério da Educação diagnosticou que apenas 97 das 294 metas do Plano Nacional de Educação (PNE), estão sendo cumpridas. Apesar dos programas de acesso criados nos últimos anos (Enem e Prouni), o estudo aponta ainda, que o índice de repetência é alto, ao contrário do acesso às universidades, que está longe do pretendido. A coisa só não é pior, porque temos professores maravilhosos! A eles, o nosso muito obrigado!

PNE II

Criado em 2001, o PNE tem como objetivos: implantar em todas as esferas de poder, políticas educacionais que favoreçam a elevação da escolaridade, a melhoria da qualidade do ensino e a redução das desigualdades sociais. Contudo, “uma Educação sozinha não faz verão”. Os investimentos também ser direcionados para precisam alcançar setores como a Saúde, Segurança, Transporte, Lazer, Cultura, Emprego etc.

Fundeb I

A vereadora Rita de Cássia (PP) convidou, e posteriormente convocou, para prestar esclarecimentos sobre a situação da merenda das escolas municipais de Rio Bonito, os integrantes do Conselho Municipal do Fundeb. Segundo fontes, a iniciativa da parlamentar teria gerado “desconforto” entre os integrantes do conselho. Achamos que os alunos sem merenda, também devem ficar “desconfortáveis” quando estão com a barriguinha pura!

Fundeb II

A impressão que temos é que as pessoas gostam de ver os seus nomes arrolados em polêmicas e desconfiança. Não custa nada prestar o tal esclarecimento e mostrar que tudo está sendo feito com seriedade. Aliás, os conselhos foram criados para que a sociedade tenha acesso a determinados assuntos. Alguns temas, porém, são considerados tabus. E quem aborda pode ganhar algumas inimizades. Pode?

Fundeb III

Outra queixa que sempre chega a nossa redação, é que os professores não estariam recebendo o percentual previsto pelo Fundeb. O benefício teria como objetivo, estimular o profissional a se dedicar um pouco mais à sua função. O argumento oficial é que isso causaria problemas com a Lei de Responsabilidade Fiscal, que prevê gastos de até 54% do Orçamento Municipal com a folha de pagamento. (?)

Desprestígio

Uma fonte do alto escalão da Prefeitura de Silva Jardim comentou que a deputada federal Solange Almeida (PMDB) não teria feito nada pelo município, onde, em 2006, ela alcançou expressiva votação (cerca de 3000 mil). Em tom de ironia, a fonte disse que a deputada precisa aprender bastante com o “Surfista Prateado”, leia-se Paulo Melo (PMDB). “Enquanto ele (Paulo) tem vários ex-inimigos no palanque, ela tem vários ex-amigos, nos palanques adversários!”.

Prestigio

Quanto ao deputado Marcos Abrahão (PT do B), a nossa fonte, que apoia outro nome para Assembleia Legislativa do Estado do Rio de janeiro (Alerj), disse que o povo silvajardinense não tem o que reclamar do parlamentar, porque o asfaltamento do Centro da cidade foi indicação de Abrahão.

UPA I

A Unidade de Pronto Atendimento de Rio Bonito (UPA) está sendo muito festejada e tem um monte de pai. Vamos ver se quando ela der algum problema, esses pais vão continuar “lambendo a cria”. Acreditamos que eles dirão para ao prefeito José Luis: “quem pariu Matheus que o balance! Toma que o filho é seu!”

UPA II

Estamos torcendo para que a UPA não seja uma enganação igual ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). Aliás, até o momento em que a ambulância vai à casa do paciente prestar atendimento, tudo funciona de maneira elogiável. Mas quando o indivíduo precisa ser internado começa o drama, porque os hospitais públicos do Rio de Janeiro estão sucateados. Já vimos equipes do SAMU ficarem 6, 8, 10h com o paciente na viatura em busca de vaga.

Realidade

O governador Sérgio Cabral conhecendo a realidade da
Saúde carioca que ele não experimentou
No mês de agosto, o governador Sérgio Cabral sofreu uma torção no tornozelo ao saltar da van que o levava ao Palácio Laranjeiras – residência oficial. Cabral foi operado, mas o procedimento não aconteceu num Hospital Estadual. Também não se tem notícias de que o governador tenha ficado dentro de uma ambulância procurando um hospital que oferecesse serviço de ortopedia como acontece com qualquer mortal. 

Placa

Os políticos não perdem o hábito de contratar gente que tira voto. Vários leitores estão reclamando que placas de publicidade eleitoral foram colocadas em suas propriedades sem autorização. Tem gente que até já perdeu voto por causa disso! Quem fez o serviço sujo não foi o político, mas como é ele o candidato, o eleitor se vinga não votando nele. Quando que os políticos também serão eficientes, para fazer o que é certo?

Cara de pau

Um dos nossos leitores procurou uma pessoa do grupo do político para reclamar do abuso (colocar a placa sem autorização), e ouviu o seguinte conselho: “não fala nada não, deixa a placa lá, porque você pode ficar mal com fulano. Até porque, amanhã ou depois você poderá precisar dele, e aí...”. E dizem que é o político é mau caráter! E esses que andam em volta? O que seriam?

Falha nossa!

Rio Bonito está se consolidando como “a cidade dos políticos desatentos”! Em 2003, nós ficamos envergonhados quando uma importante figura da política local chamou o “Grupo Cidade Negra” de “Raça Negra”. Esse ano, na recente XI Exposição de Rio Bonito, outra figura política, não menos importante, pediu que o cantor Leonardo cantasse uma música, mas a melodia era do repertório de Zé de Camargo e Luciano. Pelo pedido, parece que contrataram o show errado!  

 Filme Repetido

Fernando Soares

Esperamos que a vereadora Rita de Cássia (PP), personagem principal de uma das reportagens desta edição, não seja alvo dos ciúmes dos seus pares. Dizemos isso, porque quando o vereador Fernando Soares (PMN) estava mais presente na mídia, ele passou a receber duras críticas de alguns colegas. Segundo uma fonte, a presença do parlamentar na imprensa trouxe desgaste. Nós concordamos, já que, Fernando, era o único parlamentar que aparecia trabalhando. Vamos ressaltar que não vai adiantar fazer carinha feia por causa desta reflexão, porque esta é a dura e triste realidade!

Juiz de Rio Bonito anuncia mudanças no processo eleitoral e fala sobre educação familiar

Por Flávio Azevedo

O juiz Marcelo Chaves Espíndola
         A obrigatoriedade de o eleitor apresentar um documento de identidade com foto na hora de votar, a criação de um novo local de votação no município (Rio Vermelho), a participação “consciente” do cidadão, nas eleições do próximo dia 3 de outubro, e assuntos como Educação e família, foram os principais temas abordados pelo Juiz de Rio Bonito, Marcelo Chaves Espíndola, na tarde do último dia 27 de agosto quando recebeu a nossa reportagem para uma entrevista descontraída e muito informativa.
– Estamos preocupados com o desenrolar das próximas eleições, porque aconteceram mudanças significativas na legislação eleitoral. A partir de agora o eleitor terá que apresentar um documento de identidade com foto, porque é necessário que ele mostre que ele é ele mesmo, para que ninguém vote em seu lugar – comentou.

Sessão em Rio Vermelho

O juiz Marcelo Espíndola anunciou a criação de um novo local de votação Em Rio Bonito, a Escola Municipal Jaudet Curi, no Rio Vermelho. O objetivo é desafogar a seção da Escola Municipal Professora Maria Lydia Coutinho, no Rio do Ouro, local onde sempre acontece um conflito. “As sessões 87, 103, 109, 120 e 122, agora, funcionarão no Rio Vermelho. As pessoas que votam nessas seções deverão se dirigir para esse local para evitar os tumultos na Escola Maria Lydia”, apela.  
De acordo com dados da Justiça Eleitoral, a 32ª Zona Eleitoral (Rio Bonito), ganhou 900 novos eleitores. São 122 seções espalhadas pelo município, para receber 42.882 eleitores. Desse número, cerca de 20% não devem comparecer para votar, ou seja, cerca de 8,5 mil eleitores.

Consciência e Educação

De acordo com o juiz Marcelo Espíndola, o eleitor tem que votar consciente, pesquisando a história dos candidatos e os valores que eles defendem. “São pessoas que irão nos representar, por isso, é importante que as famílias conversem com os mais jovens”.
– Os exemplos que estamos transmitindo para aqueles que estão em formação, deve ser objeto da nossa constante preocupação. Precisamos conversar e dialogar, dentro de casa, nas escolas, porque as crianças são um terreno fértil para novas ideias – ponderou.

Educação familiar

O chefe do Cartório Eleitoral de Rio Bonito, José de Tarcio da Fonseca e
o juiz Marcelo Espíndola durante a entrevista
Um tema que está no centro de várias discussões em Rio Bonito é o número de motociclistas menores de idade transitando pelas ruas da cidade. Para a nossa reportagem, um pai revelou que “eu dei uma moto para o meu filho (12 anos), porque ele estava inconsolável por não ter um brinquedo que todos os seus colegas já tinham”. Questionado sobre a postura do pai, o juiz Marcelo Espíndola foi firme: “entre eu ficar inconsolável por causa da perda do meu filho, e ele ficar inconsolável porque não ganhou um mimo, mas protegido dentro de casa, prefiro a segunda opção”.
Para o magistrado, os pais não estão sabendo impor limites aos filhos. “Os pais precisam saber que é preciso dizer “NÃO”. Isso faz parte do processo educacional da criança. Ela não compreenderá a atitude do responsável, mas na fase da maturidade ela entenderá, mas os pais estão transferindo essa tarefa, que é deles, para terceiros”.
Sobre a proibição de festas, ideia defendida por algumas correntes, o magistrado afirma que, antes de autorizar os eventos, a Justiça analisa vários requisitos relacionados ao local e ao promotor da festa.
– Nós analisamos questões de segurança. Autorizado o evento, o pai é quem define se o filho vai à festa. Ele pode entender que, apesar da segurança, aquele não é um ambiente apropriado para o seu filho – avaliou o juiz, que defende medidas educativas e não repressivas para corrigir determinados problemas sociais, “principalmente aqueles que evolvem crianças, adolescentes e jovens”.